2/10/2017 1:51 pm

Alfabetização transforma vidas de socioeducandos da Funac

“Eu vou aprender a ler e escrever bem e isso é muito importante para mim”, falou com expectativa Lucas Martins*, 14 anos. Ele é um dos 14 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na Fundação da Criança e do Adolescente (Funac) em Imperatriz, selecionados para o Programa Brasil Alfabetizado (BRALFA).

O BRALFA é uma ação do Ministério da Educação (MEC) pela aceleração da alfabetização de jovens e adultos no Brasil. Em Imperatriz, é desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal.

As atividades começaram na semana passada, com aulas ministradas de segunda a sexta-feira na unidade do Centro Socioeducativo da Região Tocantina (CSRT), com acesso a material didático e alimentação.

“Sinto necessidade de aprender mais e vou aproveitar essa chance. Vai ser bom para mim, poderei me concentrar mais nas coisas e cumprir minha medida para recomeçar”, refletiu o adolescente sobre as novas possibilidades pelo caminho da alfabetização.

Essa é a primeira vez que a Funac, por meio da CSRT, foi contemplada com o programa. “Garantir o direito à educação é fundamental a todos os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa; é uma oportunidade de construir um novo caminho”, ressaltou a presidente da Funac, Elisângela Cardoso.

“Muitos adolescentes sentenciados cometeram o ato infracional quando estavam ausentes da escola e outros sequer tiveram acesso a ela e por isso não sabem ler e escrever. Com essa articulação, estamos afirmando que todos têm direito a uma nova chance”, acrescentou.

“A nossa expectativa é que o aproveitamento de nossos alunos seja cem por cento, pois muitos anseiam a progressão nos estudos”, afirmou José Carvalho Neto, diretor da unidade, que também enfatizou a importância do projeto para adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.

Já a coordenadora do BRALFA, Letícia Alves enfatizou que é possível conquistar esse resultado. “As turmas têm no máximo 15 alunos e duas horas de aula, diariamente, para que sejam trabalhadas as noções básicas de leitura, escrita e operações matemáticas, o que permite trabalhar os conteúdos detalhadamente e favorece a aprendizagem do aluno”.

O programa será realizado durante oito meses ininterruptos e ao final os adolescentes serão certificados, podendo prosseguir nos estudos pela modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), já presente nas unidades da Funac.

“Superar o analfabetismo é uma das metas do Plano Municipal de Educação. Através da metodologia diferenciada do BRALFA, a Prefeitura vai atender um público que tem maior dificuldade de frequentar a escola, a exemplo das turmas que abrimos na Funac e na Apac”, observa Josenildo Ferreira, secretário municipal de Educação (Semed).

Os alunos da Funac contarão ainda com o acompanhamento de equipe da Semed, da coordenação do programa e da coordenação responsável pela turma.

Projeto Todo Dia é Dia de Ler

Em complemento às ações do BRALFA, a unidade do CRST realizou também nesta semana a primeira atividade do Projeto Todo Dia é Dia de Ler, que prioriza a leitura como algo essencial. A ação é coordenada pelas pedagogas Cleudiane Rodrigues e Andreia Meneses.

Durante a rotina sociopedagógica, a equipe da unidade proporcionou uma tarde literária com acesso a um acervo diversificado de livros, revistas, enciclopédias e outros materiais para incentivar o hábito e o prazer pela leitura.

Todo o material utilizado no projeto foi doado em campanha de arrecadação realizada em parceria com a escola estadual Centro de Ensino Mourão Rangel, durante os meses de maio a agosto.

O resultado da ação foi positivo. Ganhou a sociedade que contribuiu com os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e os socioeducandos ganharam uma nova chance.

“Através da leitura adquirimos conhecimento. Ler faz bem e é importante o incentivo à leitura, principalmente para os jovens”, afirmou um dos adolescentes da unidade que participou da tarde literária.

“A execução destes projetos dentro da unidade de internação tem sido positiva, despertou o interesse dos adolescentes pelo desenvolvimento pleno de suas habilidades de ler e escrever e estamos bem otimistas com as próximas etapas”, concluiu a coordenadora técnica do CSRT, Cybele Cavalcante.

*Nome fictício para preservar a identidade do adolescente.