Com o objetivo de dialogar e esclarecer dúvidas sobre temas específicos da adolescência, o Centro Socioeducativo de Internação Provisória da Região dos Cocais, unidade da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), realizou o Projeto Adolescer que teve como público de interesse os socioeducandos da unidade, em Timon.
O projeto foi encerrado nesta semana, com um círculo restaurativo e exibição de documentário sobre o tema “Adolescência e Identidade” para os socioeducandos, que em seguida expuseram suas angústias, debateram a respeito da percepção da sociedade sobre eles, e apresentaram suas expectativas de vida após o cumprimento da medida socioeducativa.
Por meio do Adolescer, os adolescentes compartilharam também suas ideias e aprenderam mais sobre o que é adolescência, identidade, autobiografia, sexualidade, drogas e transtornos comuns dessa fase da vida por meio de diversas atividades com dinâmicas, documentários, rodas de conversas, questionários e desenho cinético, neste mês de maio.
A temática da drogadição ganhou destaque. A partir de vídeos e exercícios, eles fizeram um ciclo evolutivo individual, onde perceberam quais as drogas que mais utilizaram e os efeitos em suas vidas, e como podem se recuperar. “Compreendi melhor as consequências que a droga causa no meu cérebro, no corpo de uma pessoa e percebi os danos que causei em mim. Agora, só quero tocar minha vida em frente e realizar meus sonhos de forma digna”, disse um dos socioeducandos.
Com a atividade de autobiografia, os quinze socioeducandos participantes refletiram sobre a sua vida passada e onde queriam estar daqui a dez anos, com a técnica do desenho cinético. O desejo de ter uma família e uma profissão foram os sonhos destacados. “Daqui a dez anos, eu quero ser um advogado, dar orgulho para minha família, criar meu filho do jeito certo e os obstáculos que a vida colocar em minha frente eu irei superar e vencer a prática de ato infracional. Quero ter a consciência tranquila dos seus atos”, afirmou outro socioeducando.
De acordo com a psicóloga da unidade, Dannyara Aguiar o projeto esclareceu as principais demandas típicas da adolescência. “Foi uma oportunidade para os nossos socioeducandos se conhecerem melhor quanto ao seu corpo, sexualidade, personalidade e sonhos. É importante passar a mensagem de que eles não estão sozinhos nesta fase do desenvolvimento humano, que requer um pouco mais de orientação, esclarecimentos e compreensão”, ressaltou.
“A partir dos depoimentos dos adolescentes percebemos que eles cresceram cognitivamente e psicologicamente, evoluíram no autoconhecimento sobre si. Eles sabem que podem mudar, acreditam no seu potencial e isso fortalece o processo socioeducativo que estão vivenciando”, acrescentou a psicóloga que desenvolveu as atividades do projeto.
A coordenadora técnica, Géssyka Alencar destacou que os temas fazem parte da realidade dos socioeducandos, que devem ser trabalhados com informações de qualidade e os resultados conquistados. “O centro socioeducativo tem a responsabilidade de orientar da forma correta sobre essas situações e problemas vivenciados por eles, o que demonstra a importância de projetos como este. Os resultados alcançados foram positivos, os adolescentes participaram de forma ativa, dialogaram a respeito das suas experiências e entenderam que cada fase da vida tem os seus objetivos. Além disso, tiveram mudanças de postura sobre o seu futuro, agora, eles têm clareza do que querem, das boas oportunidades que estão a disposição e dos caminhos que devem seguir”, avaliou.
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