A Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), órgão vinculado à Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), realizou, na terça-feira (24), a certificação de 40 servidores do Centro de Juventude Alto da Esperança (unidade de internação masculina) no curso de práticas restaurativas. Mais do que propiciar a qualificação, o Governo do Estado tem investido na cultura de paz.
O curso foi ministrado pelo Instituto Brasileiro de Práticas Restaurativas na própria unidade, no período de 19 de janeiro a 23 de março deste ano. Com carga horária de 40 horas, os servidores foram instruídos em ‘Introdução as práticas restaurativas’, ‘Implementação de círculos restaurativos’, ‘Facilitação de reuniões restaurativas’ e ‘Reunião de grupo familiar’.
“A meta é possibilitar dentro dos espaços de atendimento socioeducativo da Funac as práticas restaurativas e que este seja o caminho a ser tomado por nós, pelos socioeducandos, socioeducadores e toda a comunidade socioeducativa. Que possamos avançar dentro dessa dimensão, por mais desafiador que seja o cenário, para que a gente não perca a esperança, não deixe de acreditar na paz, que vai ser sempre o melhor caminho”, afirma a presidenta da Funac, Elisângela Cardoso.
Para os socioeducandos, as práticas restaurativas têm tido um efeito positivo tanto para eles, quanto para seus familiares. “A oportunidade que temos de aplicar as práticas restaurativas no dia a dia tem transformado o nosso cotidiano e de nossas famílias, lá só tem acontecido melhorias. O respeito e o diálogo são fundamentais e fazem parte da nossa rotina”, ressalta um dos adolescentes atendido no Centro de Juventude Alto da Esperança.
A implantação das práticas restaurativas na unidade significa, para além da adoção de uma ferramenta, a implantação de uma nova técnica e mentalidade. “É muito mais do que isso, é adotar a cultura de paz, que proporciona uma nova convivência, o fortalecimento de laços de construção de paz, de afeto, de responsabilidade e sobretudo de dignidade humana. É uma conquista para a nossa unidade, pois temos aplicado os círculos restaurativos com os adolescentes nas atividades, datas comemorativas e círculos familiares”, comenta o psicólogo Augusto Gouveia.
Elizabeth Ramos, do Instituto Brasileiro de Práticas Restaurativas, avalia o curso como um momento ímpar no sistema socioeducativo. “Conseguir que uma grande quantidade de pessoas de uma mesma unidade tenha acesso a essa capacitação é uma decisão política comprometida com o fazer restaurativo. O Centro de Juventude Alto da Esperança tem trazido muitas esperanças e uma experiência diferenciada, uma experiência restaurativa”, declara.
Foi apresentada uma portaria que institui no Centro de Juventude Alto da Esperança atendimento especializado em práticas restaurativas e internação de adolescentes para cumprimento de medidas socioeducativas.
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