8/10/2018 4:04 pm

Adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa participam de recital e oficina de poesias

Desenvolver a capacidade de expressar ideias e sentimentos e de utilizar o poder da palavra para a resolução de conflitos. Essa foi a proposta do projeto Versos de Liberdade, realizado, em São Luís, com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação e com técnicos dessa área, de 25 a 27 de julho.

A ação é do Ministério de Desenvolvimento Social em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Fundação Casa Poema, com a participação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac) e a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas).

Em três dias da oficina, os participantes a transformar palavras em poemas e poesias. Os adolescentes, técnicos e coordenadores dos Centros de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) e Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de São Luís, educadores sociais, professores do sistema socioeducativo do meio fechado e profissionais do Núcleo de Justiça Restaurativa.

O Centro Socioeducativo de São José de Ribamar, unidade de internação da Funac, foi o escolhido para receber a oficina, que contou com a participação de dez socioeducandos, além dos técnicos da Funac. O objetivo da Oficina foi a valorização da autoestima e fortalecimento da capacidade de expressão de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio fechado para um retorno à escola e uma inserção no mundo do trabalho.

O uso da linguagem poética, principal abordagem da oficina, é uma estratégia para a qualificação do atendimento socioeducativo e capacitação tanto profissionais quanto adolescentes como multiplicadores do diálogo humanizado.

Recital

O ponto alto do projeto foi o recital Versos de Liberdade aconteceu na sexta-feira (27), quando os participantes recitaram as poesias e poemas estudados na oficina, realizada nos dias 25 e 26. Para os adolescentes uma experiência marcante. “Eu tenho várias letras guardadas e, agora, eu sei que não é besteira como eu ouvia antes. Aprendi que é importante e que eu, também, posso ser um poeta”, disse um dos socioeducandos da Funac que participou da oficina e que recitou uma poesia pela primeira vez na vida. “A oficina foi muito proveitosa e vai me ajudar a compor melhor as minhas músicas”, completou.

“O que nós queremos é dar dignidade para estes jovens, de se traduzir a vida pela palavra, de se apresentar bem numa entrevista de emprego e não baixar a cabeça, isso é mais importante”, ressaltou a facilitadora da Oficina e atriz Elisa Lucinda. Ela afirmou que os participantes apresentaram um excelente desempenho. “Eles desenvolveram de forma excelente, eles acreditaram no seu potencial, não houve desistência da oficina e já fica a saudade dessa experiência, extraí o melhor deles”.

“É uma grata oportunidade trabalhar com esses profissionais e adolescentes; o projeto Versos de Liberdade, que com certeza nos ajudou a melhoramos como pessoas. Meu desejo é que todos os estados tenham essa mesma chance e que esses versos possam ecoar dentro dos espaços de privação de liberdade, sobretudo com o eixo da educação e de uma proposta pedagógica de resgate”, afirmou a presidente da Funac, Elisângela Cardoso.

Para a secretaria adjunta de Assistência Social da Sedes, Célia Salazar, o projeto possibilita novos sonhos. “Queremos fazer com que esses adolescentes descubram que existem outras possibilidades, que eles podem e devem retomar e reconstruir suas histórias e reconhecer a possibilidade de ter um futuro diferente do que já estão predestinados. Nossa intenção é instituir e resgatar o sonho de ter dias melhores”, afirmou.

Participaram do encerramento do projeto Maria Yvelonia Barbosa, representando o Ministério de Desenvolvimento Social; Laura Díaz, pela Organização Internacional do Trabalho; Geovana pires, uma das fundadoras da Fundação Casa Poema; juiz José dos Santos Costa, titular da 2ª vara da infância e juventude; e a promotora Carla, pelo Ministério Público do Maranhão.