25/08/2017 5:16 pm

Escutas qualificadas sobre saúde são realizadas nas Unidades da Funac

Os (as) adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de privação de liberdade no Centro Socioeducativo da Região Tocantina, em Imperatriz e no Centro de Juventude Florescer, em São Luís, Unidades da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), participaram da oficina de ‘Escutas qualificadas sobre saúde’. As oficinas foram realizadas pelas Secretaria de Estado da Mulher (SEMU), Secretaria de Estado da Saúde (SES), Secretaria de Estado Extraordinária da Igualdade Racial (SEIR) e Funac.

A realização das Escutas Territoriais sobre Saúde Integral da População Negra, tem o objetivo de levantar demandas e prioridades para construção da Política Estadual de Saúde Integral da População Negra do Maranhão. Foram utilizadas nas atividades metodologias que estimulassem a fala e respeitasse as diversas formas de expressão dos (as) meninos(as).

De acordo com a presidente da Funac, Elisângela Cardoso, a metodologia usada pelas secretarias está em consonância com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e a atividade vem contribuir de forma significativa com o público atendido pela Fundação na construção de Política Pública de Saúde.  “Considero fundamental a participação do nosso público, pois os adolescentes e jovens são protagonistas. A legislação ressalta a garantia dos direitos fundamentais, como saúde,  escolarização,  esporte,  lazer, cultura e profissionalização. Parabenizo todas as secretarias, as técnicas que estão hoje aplicando essa metodologia, tem uma ampla atuação dentro das políticas públicas”, afirma.

Lúcia Azevedo da SEMU fez uma avaliação da oficina. “Na Escuta qualificada com os (as) adolescentes, eles expressaram diversas situações de acesso à saúde, desde o atendimento dentro da Unidade até o preconceito e discriminação que vivenciam quando acessam a Rede de Serviços de Saúde da comunidade e do município”, avalia.

Com o foco intersetorial, a oficina trabalhou também o princípio da incompletude institucional, com a presença das três secretarias e uma relação direta com os conselhos de políticas públicas da criança, igualdade racial, de saúde e da mulher. “Considero uma excelente iniciativa e enquanto Funac estamos abertos a outras atividades que venham colaborar para a efetivação das políticas públicas, sobretudo que contemple os adolescentes que cometeram ato infracional”, comenta Elisângela.

Segundo dados da Coordenação Geral do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase/2014),  56% dos (as) adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, são considerados pretos e pardos. “Achamos importante fazermos a escuta desses adolescentes para que eles possam colocar como o sistema de saúde os trata e por estarem por um determinado período das suas vidas, cumprindo uma medida  socioeducativa”, diz Azevedo.

Foi observado nas Escutas a necessidade da constante capacitação dos profissionais de saúde. “Nos tratam mal, por estarmos em cumprimento da Medida, e se a gente é negro, aumenta ainda mais a discriminação”, diz um adolescente.

“A realização das escutas é essencial para saber o que (os) as adolescentes que cumpriram ato infracional têm de maior necessidade considerando a sua especificidade de adolescentes e jovens. É fundamental a construção de uma política, olhando todos os seguimentos, considerando a saúde integral da população negra”, ressalta Ana Luiza Borges, da SES.

A socioeducanda falou sobre a sua experiência com o serviço de saúde. “Todos os atendimentos que eu faço sou muito bem recebida. Os profissionais que trabalham na área de saúde devem ter um olhar que não julgue ninguém”, declara.

Participaram da oficina, Lucia Azevedo, da Secretaria de Estado da Mulher; Iracema Amorim, assistente de saúde, da Secretaria de Estado de Igualdade Racial; Eliane Cruz, do Departamento da Atenção a Mulher (DASMU), da Secretaria de Estado de Saúde; Meire Rabelo, da Diretoria Técnica da Funac; Miriam Machado, diretora do Florescer e direção do Centro Socioeducativo da Região Tocantina.